Porto Velho, RO - Uma brutal onda de calor de temperatura extremamente elevada e por período prolongado atinge o Centro da América do Sul desde a segunda semana de janeiro, segundo dados da Metsul Meteorologia. Marcas extremas de temperatura em grande parte da Argentina, no Uruguai, e no Sul do Brasil e Paraguai começam a ser registradas.



Todos os modelos numéricos de previsão do tempo convergem em indicar um evento de calor com força incomum com valores de temperatura muitíssimo acima da climatologia normal do mês de janeiro com máximas que podem alcançar valores de 10ºC a 15ºC acima das médias históricas desta época do ano. Será a segunda onda de calor generalizada na parte central da América do Sul desde o começo do verão e mais forte que a da virada do ano que chegou a ter máxima de 46,6ºC em Rivadavia, na Argentina.

O que os modelos discrepam é sobre a magnitude da onda de calor. Projeções do modelo GFS da NOAA (Estados Unidos), que é base para prognósticos automáticos de muitos aplicativos e sites, com máximas de 45ºC a 50ºC numa extensa área que compreende o Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai, não encontram sustentação em outros modelos e parecem claramente superdimensionar a intensidade do calor.

No melhor cenário, conforme as simulações feitas por supercomputadores, a onda de calor seria muito intensa. No pior, o evento de calor teria magnitude sem precedentes na história recente em várias localidades com temperatura jamais vista em décadas com quebra de vários recordes de temperatura máxima na região a partir de marcas próximas ou acima de 40ºC de forma generalizada e acima de 45ºC em alguns pontos.

Os dados, em geral, indicam que o pior do calor ocorrerá na Argentina e no Uruguai, onde os desvios em relação à climatologia histórica devem ser maiores e imensos, entretanto o Rio Grande do Sul vai sentir com muita força o episódio, especialmente em cidades do Oeste e do Sul do estado que estarão mais próximas do centro da bolha de calor que vai se instalar sobre a parte central da América do Sul.

Rio Grande do Sul pode atingir recordes de temperatura

Um episódio de calor muito intenso a extremo começa a se instalar no Rio Grande do Sul com temperatura muito alta a excepcionalmente elevada em algumas regiões do estado. Máximas acima de 35ºC devem ser generalizadas no final da semana no estado gaúcho e muitas cidades terão máximas perto ou acima de 40ºC.

Mesmo cidades da Serra Gaúcha podem ter marcas extremas no final da semana com máximas de até 37ºC em Caxias do Sul e ao redor dos 40ºC nos vales de Farroupilha e Bento Goncalves, dentre outras cidades da região com acentuada variabilidade microclimática por relevo.

O Oeste e o Sul do Rio Grande do Sul sentirão com mais força a magnitude incomum da onda de calor pela sua maior proximidade da bolha de ar extremamente quente que deve se centrar na região do Rio da Prata no final desta semana. O Oeste será a primeira região a registrar as temperaturas mais extremas à medida que o aquecimento mais intenso vai se iniciar a partir do Norte e do Nordeste da Argentina.



Na região de Uruguaiana e Quaraí, conforme a análise da MetSul a partir de conjunto amplo de dados, as máximas devem atingir 37ºC nas tardes de hoje e amanhã, 39ºC na terça, 41ºC a 42ºC na quarta, 42ºC a 43ºC na quinta, e 43ºC na sexta.

O próximo fim de semana é ponto em aberto na região com alguns dados reduzindo o calor por instabilidade e outros mantendo a grande intensidade. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) chega a ser mais agressivo em seu prognóstico para o Oeste do Rio Grande do Sul e indica 45ºC.

Na fronteira com o Uruguai e na Campanha, nas áreas de Bagé, Jaguarão, Dom Pedrito e Quaraí, marcas de 40ºC a 42ºC, ocasionalmente superiores, devem ser esperadas no final da semana pela previsão da MetSul. Pelotas, no sábado (15) poderia atingir 41ºC ou 42ºC.



Com base nestes valores, é factível que o Rio Grande do Sul possa ter a maior temperatura de toda a sua série observacional e se o recorde não for atingido ficará perto de ser alcançado. Desde que tiveram início as medições meteorológicas regulares no estado gaúcho em 1910, as maiores máximas oficiais foram de 42,6ºC em 1917 (Alegrete) e em 1943 (Jaguarão), ambos verões de forte estiagem como 2022.

O modelo europeu, que tem um índice de acerto muito alto para o Oeste gaúcho, está indicando marcas de 42ºC a 43ºC, logo dentro da faixa de possibilidade de estabelecimento de um novo recorde de máxima histórica para o Rio Grande do Sul.



Com informações via Metsul