Mercado dá como certa queda da Selic de 13,25% para 12,75% ao ano, mas aguarda o comunicado do BC para avaliar se é possível uma aceleração dos cortes à frente
Na ata da reunião em que explicou a decisão, o BC indicou que faria um nova redução. Por isso, no mercado, a visão é de que a sinalização será cumprida. Ainda mais porque desde então alguns fatores colaboraram para isso.
A taxa básica de juros, a Selic, é o principal instrumento do BC para conter a inflação. Durante esses 45 dias entre uma reunião e outra, houve poucas mudanças tanto no cenário de expectativas quanto nos índices macroeconômicos, como índices de preços e PIB.
Por isso, o BC tem tudo para para seguir como planejado. A intensidade e a sinalização sobre novos cortes é o que mobiliza os analistas em relação aos diretores do BC que formam o Copom, liderados pelo presidente da instituição, Roberto Campos Neto.
— Está consolidado um segundo corte de juros de 0,50 ponto, mas lógico que o mercado vai olhar com lupa o comunicado para ver se houve alguma alteração nas sinalizações sobre a possibilidade de acelerar o ritmo de corte à frente — avalia Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
Um corte de 0,75 ponto, ou uma aceleração, foi classificado como “pouco provável” na Ata da última reunião do Copom. Isso porque uma alteração de ritmo exigiria “surpresas positivas substanciais” para elevar ainda mais a “confiança na dinâmica desinflacionária”, segundo os diretores do BC.
A inflação de serviços e uma contínua melhora das expectativas estão no radar. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, fez uma rodada de pronunciamentos públicos após o Copom de agosto e, em diferentes momentos, ressaltou que há uma “barra alta” para acelerar ou reduzir os cortes de 0,50 nas próximas reuniões.
O que diz o mercado?
Pelas projeções do boletim Focus, a sondagem que o BC faz com o mercado financeiro, a Selic vai ser reduzida para 12,75% hoje e deverá terminar o ano em 11,75%. Na semana em que foi anunciado o corte em agosto, a projeção era de 12% no fim do ano.
Houve mudanças residuais no cenário esperado para a inflação e o dólar. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está projetado em 4,86% até o fim deste ano e em 3,86% em 2024, no balanço desta semana. No início de agosto, essa projeção era de 4,84% e 3,89%, respectivamente. Ou seja, piorou para este ano, mas teve ligeira melhora para o ano que vem.
Em relatório divulgado na semana passada, a Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) indicou a possibilidade de reduções de 0,75 ponto na Selic a partir de dezembro.
O aumento do dólar é motivo de preocupação, pelo impacto nos produtos ou insumos importados. O Um deles é o efeito sobre os preços dos combustíveis. A Petrobras tem tentado diminuir os repasses, mas o aumento do petróleo deve levar a empresa a subir novamente os preços do diesel e da gasolina.
Inflação
A inflação oficial do país (IPCA) teve alta de 0,23% em agosto, puxada por um aumento da energia elétrica residencial de 4,59% no mês. Em julho, o indicador mostrou aumento de 0,12%. A taxa acumulada em 12 meses ficou em 4,61%. As projeções de inflação do Copom foram situadas em 4,9% para 2023 e 3,4% para 2024 na ata da última reunião do Comitê.
— Apesar da aceleração do IPCA em 12 meses desde a última reunião, a inflação de serviços caiu para 5,43% em 12 meses. Além disso, os preços no atacado seguiram em trajetória descendente, o que deve levar a um arrefecimento dos preços no varejo nos próximos meses — avalia o economista-chefe da Nova Futura, Nicolas Borsoi.
PIB
A atividade econômica surpreendeu com a alta de 1,8% no primeiro trimestre e 0,9% no segundo. No último relatório de inflação do BC, divulgado em junho, a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 passou de 1,2% para 2,0%. Uma nova revisão positiva deve ocorrer no relatório que será divulgado no fim deste mês.
Nesta semana, o Ministério da Fazenda revisou a projeção de crescimento de 2,5% para 3,2%. No primeiro semestre, o agro puxou esse crescimento, embora o setor de serviços e o varejo tenham mostrado fôlego.
O cenário é considerado positivo porque a aceleração da atividade econômica não veio acompanhada de forte pressão inflacionária.
Fonte: O GLOBO
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