Gérald Darmanin, aliado de primeira ordem do presidente Emmanuel Macron, deu declaração durante entrevista televisiva; atacante do Al-Ittihad negou qualquer ligação com a organização sunita

Melhor jogador do mundo em 2022, pentacampeão da UEFA Champions League e do Mundial de Clubes da FIFA e uma das estrelas da milionária liga saudita aos 35 anos, o atacante Karim Benzema, que fez história no Real Madrid, virou notícia nas páginas de política na França ao ser acusado por um ministro do gabinete do presidente Emmanuel Macron de ter vínculos com a Irmandade Muçulmana, organização islâmica sunita criada no Egito, atualmente banida do Cairo e acusada pelo Ocidente de fomentar causas e grupos extremistas islâmicos, incluindo o Hamas. O advogado de Benzema negou, nesta quarta-feira, qualquer vínculo do jogador com a organização.

O ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, acusou o ex-atacante da seleção francesa de ter relação com a organização islâmica durante uma entrevista ao canal CNews. No momento do comentário, Darmanin reagia a uma publicação em que Benzema pedia orações para a população civil em Gaza, sob bombardeios israelenses após os atentados do Hamas do dia 7 de outubro.

"Todas as nossas orações para os habitantes de Gaza, que mais uma vez são vítimas de injustos bombardeiros que não poupam mulheres nem crianças", escreveu o artilheiro francês em suas redes sociais no dia 15 de outubro. A resposta de Darmanin foi dura.

— Karim Benzema tem vínculos notórios, todos nós sabemos, com a Irmandade Muçulmana — disse o ministro de Estado francês.

Benzema negou, por meio de seu advogado, qualquer vínculo com a organização sunita e prometeu prestar queixa contra o aliado de Macron.

— Isso é falso! Karim Benzema nunca teve o menor relacionamento com essa organização — disse o advogado Hugues Vigier em um pronunciamento. — Estamos mais uma vez testemunhando uma instrumentalização intolerável de Karim Benzema e da figura simbólica que costuma ser atribuída a ele. (...) Orar em 15 de outubro pelas populações civis sob bombas que não poupam mulheres e crianças não constitui, evidentemente, nem 'propaganda para o Hamas', nem 'cumplicidade com o terrorismo', nem atos de colaboração.

O atacante Karim Benzema recebe a Bola de Ouro — Foto: FRANCK FIFE / AFP

Questionado pela AFP sobre uma possível intervenção da justiça a pedido do ministro, o círculo próximo de Darmanin respondeu que "as posições" do jogador "não estão sujeitas a ações judiciais (...) mas constituem um sinal particularmente impreciso vindo de um atleta que desfruta de uma audiência tão grande".

— Há vários anos, observamos uma lenta inclinação das posições de Karim Benzema em direção a um islã rígido e rigoroso — disse uma pessoa do círculo próximo do ministro.

Como argumento, as fontes próximas ao ministro ouvidas pela agência francesa citaram a recusa do jogador em cantar o hino da França durante os jogos pela seleção, seu "proselitismo nas redes sociais sobre o culto muçulmano, como o jejum, a oração, a peregrinação a Meca" e seu "apoio à publicação do lutador russo de MMA Khabib Nurmagomedov, um verdadeiro apelo ao ódio após a publicação de uma caricatura do profeta Maomé na imprensa francesa".


Fonte: O GLOBO