Presidente esteve em cerimônia nesta sexta-feira e elogiou obra em área de preservação ambiental

Em mais um aceno às Forças Armadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu ontem, em viagem a Pernambuco, uma obra do Exército contestada por ambientalistas. O projeto da Escola de Sargentos, em Abreu e Lima, na região metropolitana do Recife, está previsto em uma área de proteção ambiental.

Lula rechaçou as críticas de ambientalistas relacionadas à derrubada de árvores para a construção, instalada em uma área de preservação ambiental (APA) da Mata Atlântica. A obra, com investimento de R$ 1,8 bilhão, foi anunciada em 2021, na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

— Sei da vocação e da capacidade de luta dos nossos ambientalistas. Sei de tudo isso, mas o que a gente tem que fazer é agradecer alguma coisa. Se não fosse o Exército ter essa área, ainda teria alguma árvore aqui ou seria tudo transformado em favela e ocupação desordenada? — questionou o presidente, ao participar da cerimônia de assinatura do termo de construção da escola entre o Exército e o governo de Pernambuco.

Acenos do petista aos militares
  • Novo PAC: Lula incluiu projetos estratégicos das Forças Armadas em um dos eixos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com promessa de investir R$ 52,8 bilhões.
  • Ministérios: O governo recuou da intenção de vetar que integrantes das Forças assumissem cargo de ministro de Estado. Esse artigo foi retirado de Proposta de Emenda à Constituição em tramitação no Senado.
  • Comissão sobre a ditadura: A reinstalação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, uma bandeira do ministro Silvio Almeida (Direitos Humanos), tem sido postergada pelo governo. O colegiado atua na identificação de vítimas da ditadura militar e na reparação às suas famílias.
  • GSI: Em maio, Lula resistiu às pressões para nomear um civil para comandar o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência e manteve o cargo sob a alçada militar. O GSI segue responsável pela segurança presidencial, em um modelo que também conta com a Polícia Federal.
  • Sete de Setembro: Lula usou o Sete de Setembro para fazer acenos. Houve uma exposição na Esplanada com equipamentos das Forças Armadas, como helicópteros, aeronaves, embarcações, tanques de guerra e artilharia de defesa antiaérea.
Durante seu discurso, o presidente teceu diversos elogios aos militares, categoria identificada, em sua maioria, com o bolsonarismo. Ele estava acompanhado do ministro da Defesa, José Múcio, e da governadora do estado, Raquel Lyra (PSDB).

— Eu fui a Marambaia (Rio de Janeiro) na semana passada e eu fiquei pensando: Se não fosse a Marinha, aquilo teria virado um resort. Quem estava lá não era quilombola, quem estava lá não era pescador. Quem estava lá eram os grã-finos do mundo inteiro fazendo como em (Balneário) Camboriú para fazer sombra dentro do mar e, depois, tomar sol fora da praia — disse.

Segundo o Exército, a construção em Pernambuco deve criar cerca de novos 30 mil empregos diretos e indiretos.

Lula assumiu a Presidência com uma relação de desconfiança em relação aos militares, que tiveram grande participação no governo Bolsonaro. O clima piorou após os atos golpistas de 8 de janeiro do ano passado. Aos poucos, no entanto, houve um distensionamento.

Mais cedo, Lula participou de cerimônia de transmissão de cargo do Comando Militar do Nordeste (CMNE), no Recife. Na ocasião, o general Maurílio Ribeiro assumiu no lugar do general Kleber Nunes de Vasconcellos, na função desde abril de 2023. O comandante do Exército, general Tomás Ribeiro Paiva, participou dos eventos.

Em outro ato de valorização das Forças Armadas, o presidente assinou, na quinta-feira, quando começou seu giro pelo Nordeste, acordo que prevê R$ 650 milhões de investimentos na Aeronáutica.


Fonte: O GLOBO