Mesmo com redução da taxa básica de juros, especialistas indicam opções atrativas para preservação e rentabilidade (Foto reprodução) |
Porto Velho, RO - Nesta quarta-feira (31), o Banco Central anunciou a redução da Taxa Selic de 11,75% para 11,25% ao ano, impactando diretamente a rentabilidade dos investimentos de renda fixa pós-fixada. Entre os mais afetados estão os tradicionais CDBs (Certificado de Depósito Bancário) e as LCIs e LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e Agrícola).
Apesar desse cenário, analistas destacam que a maioria dos produtos de renda fixa ainda permanece atrativa, considerando o patamar relativamente elevado da Selic e da inflação controlada. Com uma taxa de juros de dois dígitos e a expectativa de IPCA em 3,81% para 2024, o Brasil mantém uma das maiores taxas reais do mundo.
Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, projeta que, com os cortes previstos para a Selic ao longo do ano, chegando a 9% até dezembro, o juro real nos próximos 12 meses deve atingir 5,95%, tornando o Brasil o vice-campeão global, atrás apenas do México, com 6,49%.
Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank, vai além e espera um juro real ainda mais elevado, alcançando 6,21%. Ele destaca que os investimentos de renda fixa mais rentáveis devem ser isentos de Imposto de Renda que sejam aproximadamente 100% do CDI. Segundo seus cálculos, uma debênture incentivada a 96% do CDI renderá 5,49% em termos reais, descontando a inflação.
Alejo Czerwonko, diretor de estratégia de investimento para mercados emergentes nas Américas do UBS, ressalta que, mesmo com novas cortes, a taxa de juros brasileira permanece atrativa, especialmente quando comparada à americana, atualmente na faixa de 5,25% a 5,50%.
Ainda de acordo com Czerwonko, investidores estrangeiros aproveitam os altos juros no Brasil realizando operações de carry trade, pegando dinheiro emprestado nos EUA e investindo no Brasil, lucrando com a diferença de juros entre os dois países.
Caio Schettino, diretor de alocações da Criteria, aconselha os investidores conservadores a evitarem títulos com prazos de validade muito longos. Ele sugere o investimento em instrumentos isentos de Imposto de Renda, como LCI, LCA, CRI, CRA (Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio) e debêntures incentivadas.
Em relação às debêntures, Schettino recomenda que os investidores conservadores se concentrem em empresas de transmissão de energia, incluindo operações consolidadas e previsíveis, que geram caixa e mantêm baixos níveis de individualização. Para os mais arrojados, ele sugere adicionar dívidas de saneamento e agronegócio à carteira.
No segmento de ações, os especialistas adotam uma postura cautelosa, uma vez que, apesar dos benefícios da queda de juros para o mercado de renda variável, a Selic ainda permanece em patamares elevados, encarecendo a dívida das empresas e mantendo parte dos investidores na renda fixa .
Czerwonko, do UBS, acredita que há espaço para o desbloqueio desse mercado ainda este ano, destacando que, de maneira geral, os ativos brasileiros estão descontados em relação aos pares internacionais e ao histórico nacional.
Para investidores mais arrojados, Schettino, da Criteria, recomenda desde já o investimento em ações dos setores de transporte e logística, construção civil e do varejo alta renda, direcionando oportunidades de valorização.
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