Última vez que diferença entre valores praticados pela petroleira e os internacionais esteve tão alta foi em agosto de 2023. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Porto Velho, Rondônia - O deságio entre o PPI (Preço de Paridade de Importação) e o preço praticado pela petroleira brasileira para a gasolina está no maior patamar desde agosto do ano passado, quando a estatal realizou o último aumento no valor do combustível.

À época do anúncio do reajuste, no dia 19 de agosto, a defasagem havia alcançado 24%, nível mais alto desde o início do governo Lula, após ficar cerca de um mês no patamar em que se encontra agora.

Atualmente, a diferença está em 18%, o equivalente a 60 centavos de real em média por litro, de acordo com o boletim desta terça-feira, 19, da Abicom (Associação Brasileira de Importadores de Combustível).

Inflação

A gasolina é um item que recebe bastante atenção do governo por ter impacto direto na inflação e o reajuste ser percebido quase que automaticamente pela população. No ano passado, o subitem que mais contribuiu para a alta dos preços foi, justamente, o combustível. A alta foi de 12,09% em 2023, o que correspondeu a 0,56 ponto percentual de peso no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que fechou o ano passado em 4,62%.

Vale lembrar que de agosto para cá, a gasolina sofreu apenas mais uma ajuste de preço promovido pela Petrobras. A petroleira reduziu o preço do combustível em outubro do ano passando quando a diferença entre o valor praticado pela estatal e o PPI estava praticamente zerado.

Ainda de acordo com o levantamento feito pela Abicom, desde o início deste ano, a petroleira tem praticado preço em defasagem com o PPI. No entanto, a diferença se aprofundou sensivelmente desde o início de março. Nos últimos cinco dias, o movimento se acelerou ainda mais com uma disparada do preço do petróleo tipo Brent (referência para a Petrobras), que avançou 6,70% no período.

Certamente, a Petrobras ainda pode segurar uma mudança na bomba de gasolina por algum tempo, mas terá de contar com um arrefecimento no preço internacional do combustível. Além disso, com a popularidade do governo nos piores níveis desde o início de 2023, é possível que o governo opte por sangrar a estatal algum tempo para evitar o reajuste. Mas quanto mais demora, mais caro ficará o ajuste no futuro.

Fonte: O Antagonista