Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, aconselha seu sucessor: 'seja firme, seja técnico, seja íntegro e saiba dizer não' — Foto: Maria Isabel Oliveira/Agência O Globo
Porto Velho, Rondônia - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, está otimista, está vendo a economia brasileira com bons olhos. Foi o que me disse em entrevista no GLOBO. Acha que tem muita coisa acontecendo de bom como uma alta do PIB além do previsto.
Inclusive admitiu que os economistas, grupo no qual se incluiu, têm errado muito nas projeções sobre o ritmo de crescimento da economia brasileira. Eu fiz essa pergunta porque as estimativas iniciais de crescimento para este ano não chegavam a 2%, agora já estão se aproximando de 3%. O JP Morgan, por exemplo, no fim de semana divulgou projeção de alta de 2,9% para o PIB.
Campos Neto falou que os economistas têm várias hipóteses sobre porque a economia está se desempenhando melhor do que eles previram no começo do ano. Há um crescimento forte, um desemprego baixo. Ele disse que há uma hipótese, mas ainda não comprovada, de que esse desemprego baixo pode afetar o setor de serviços, o que significa produzir inflação de serviços, mas que essa hipótese ainda não está comprovada. Fazer essa ponderação é importante, porque se tivesse comprovado que o desemprego baixo está afetando a inflação, essa seria uma indicação mais forte para alta de juros.
Ao longo da entrevista, aliás, em nenhum momento Campos Neto afirmou que os juros precisam subir ou que a alta da Selic esteja sobre a mesa. Perguntei isso, mas ele disse e reafirmou várias vezes que o Copom decidiu não dar uma orientação do que vai fazer na próxima reunião, o chamado guidance. Segundo Campos Neto, tudo vai ser resolvido na reunião.
Campos Neto falou que os economistas têm várias hipóteses sobre porque a economia está se desempenhando melhor do que eles previram no começo do ano. Há um crescimento forte, um desemprego baixo. Ele disse que há uma hipótese, mas ainda não comprovada, de que esse desemprego baixo pode afetar o setor de serviços, o que significa produzir inflação de serviços, mas que essa hipótese ainda não está comprovada. Fazer essa ponderação é importante, porque se tivesse comprovado que o desemprego baixo está afetando a inflação, essa seria uma indicação mais forte para alta de juros.
Ao longo da entrevista, aliás, em nenhum momento Campos Neto afirmou que os juros precisam subir ou que a alta da Selic esteja sobre a mesa. Perguntei isso, mas ele disse e reafirmou várias vezes que o Copom decidiu não dar uma orientação do que vai fazer na próxima reunião, o chamado guidance. Segundo Campos Neto, tudo vai ser resolvido na reunião.
E ele pontuou que há uma dúvida entre os membros do Copom se os riscos estão simétricos ou não, se o risco de aumento e queda de inflação, assim que eles chamam de risco de queda, são iguais. Se forem iguais, tem tanto risco de subir quanto de descer simetricamente, não tem alta de juros.
Saí dessa conversa com a impressão de que realmente eles não decidiram ainda sobre se vão subir ou não os juros. Estou acentuando esse ponto porque no mercado financeiro, quando você fala com os operadores, estão todos apostando em um novo ciclo de alta de juros, já há quem fale em taxa de 12% no fim do ano.
Saí dessa conversa com a impressão de que realmente eles não decidiram ainda sobre se vão subir ou não os juros. Estou acentuando esse ponto porque no mercado financeiro, quando você fala com os operadores, estão todos apostando em um novo ciclo de alta de juros, já há quem fale em taxa de 12% no fim do ano.
No entanto, quando perguntei sobre esse tema ao presidente do Banco Central, ele pontuou que os economistas dos bancos não estão apostando em alta de juros, citando o Boletim Focus, mas que o mercado financeiro está.
A gente pensa que é a mesma coisa, mas os economistas são aqueles profissionais que fazem a análise da conjuntura para os bancos. Quando Campos Neto fala de mercado financeiro, está se referindo a quem está na mesa, tomando as decisões de investimento, ou seja, o mercado mesmo em si. Ficou claro para mim que não está decidido se os juros vão subir. O fato é que Campos Neto faz uma avaliação positiva da economia.
Portanto a próxima reunião está realmente sem guidance , ou seja, sem orientação do BC sobre o que vai acontecer.
Perguntei a Campos Neto, que está em fim de mandato à frente do Banco Central do Brasil, acaba em dezembro, qual o conselho daria a seu sucessor e ele não se furtou:
"Eu dou o conselho que ele saiba dizer não, que seja resistente e duro nos momentos de crítica que sempre vão ter. É normal ter crítica ao Banco Central, é normal ter crítica a juros, ainda mais o Brasil que tem um histórico de juros altos. O meu conselho é que ele seja firme, seja técnico, seja íntegro e saiba dizer não."
Uma boa resposta.
Portanto a próxima reunião está realmente sem guidance , ou seja, sem orientação do BC sobre o que vai acontecer.
Perguntei a Campos Neto, que está em fim de mandato à frente do Banco Central do Brasil, acaba em dezembro, qual o conselho daria a seu sucessor e ele não se furtou:
"Eu dou o conselho que ele saiba dizer não, que seja resistente e duro nos momentos de crítica que sempre vão ter. É normal ter crítica ao Banco Central, é normal ter crítica a juros, ainda mais o Brasil que tem um histórico de juros altos. O meu conselho é que ele seja firme, seja técnico, seja íntegro e saiba dizer não."
Uma boa resposta.
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