Comunidade internacional está em alerta sobre ampliação do conflito em Gaza diante de promessa de retaliação iraniana pela morte de líder do Hamas em seu território

Iranianos carregam foto de Ismail Haniyeh, líder da ala política do Hamas, morto em Teerã no dia 31 de julho — Foto: AFP

Porto Velho, Rondônia - O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, disse na quinta-feira aos chanceleres da França e do Reino Unido que espera contar com a ajuda dos aliados ocidentais para atacar o Irã, caso a República Islâmica cumpra sua promessa de retaliar a morte do chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã — o Irã culpa o Estado judeu pelo ataque, que não se manifestou sobre a autoria do ataque.

"Se o Irã atacar, Israel espera que a coalizão liderada pelos EUA se una a Israel, não só para se defender, se não também para atacar objetivos importantes no Irã", disse o chanceler aos seus homólogos, segundo um comunicado divulgado pelo Ministério.

A cobrança de Katz acontece em um momento em que a comunidade internacional está em alerta sobre um possível aprofundamento do conflito, diante da ameaça iraniana. Após a morte de Haniyeh, Teerã jurou vingança contra Israel, a quem culpa pelo ataque em sua capital — o que configuraria uma grave violação de soberania. Uma série de países, incluindo a China e integrantes da Organização para a Cooperação Islâmica (OCI), defendem que o Irã tem o direito de se defender, mas tentam atuar por uma desescalada regional.

O Irã, líder do Eixo da Resistência, é apontado por Israel como o grande articulador de grupos que estão em atitude hostil com o país, como é o caso do Hamas (em Gaza), Hezbollah (no Líbano) e Houthis (Iêmen). Fontes israelenses comentam sobre a necessidade de conter as atividades de Teerã na região desde o início do conflito, mas até o momento não houve uma ação abrangente contra a nação persa.

A mensagem de Katz aos diplomatas europeus também parece guardar uma mensagem sobre um comprometimento maior dos aliados em solucionar a situação na região. Em abril, quando o Irã lançou um ataque massivo com drones e mísseis contra Israel, após um bombardeio ao consulado de Teerã na Síria, países como os EUA ajudaram a reforçar a defesa aérea do país, abatendo os projéteis e veículos aéreos não-tripulados.

Pouco após a morte de Haniyeh, os EUA enviaram uma série de ativos militares para a região do Oriente Médio para dissuadir uma ação abrangente contra Israel. Ao menos um porta-aviões munido com caças F-35 e um submarino lançador de mísseis estão patrulhando as águas no entorno dos países, prontos para entrar em operação.

Não está claro, porém, se os EUA embarcariam em uma ação direta contra o Irã — um rival geopolítico que preocupa sobretudo pelo desenvolvimento de um programa nuclear pouco transparente. Em vez de se pronunciar sobre possíveis respostas militares, Washington se uniu ao Catar e ao Egito para cobrar novas negociações sobre um cessar-fogo em Gaza, com a expectativa que um alívio em solo palestino possa acalmar as tensões mais abrangentes.

Negociações foram retomadas na quinta-feira no Catar, em conversas que continuam nesta sexta. O diretor da CIA, William Burns, chefes de inteligência israelenses e mediadores do Catar e do Egito participam da reunião, que não conta com nenhum representante do Hamas.

As negociações têm como ponto de partida um plano anunciado em 31 de maio pelo presidente dos EUA, Joe Biden, que prevê uma primeira fase com seis semanas de trégua e a retirada das tropas israelenses das áreas densamente povoadas de Gaza, além de uma troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos. (Com AFP)


Fonte: O GLOBO