Ao receber apoio em 2006, presidente consolou ex-ministro da ditadura por derrota nas urnas: "A classe dele o considerou um traidor"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumprimenta Delfim Netto em ato de campanha em 2006 — Foto: Paulo Pinto/Agência Estado/10-10-06

Porto Velho, Rondônia - O czar econômico da ditadura militar subiu no palanque de Lula. Aconteceu em outubro de 2006, quando Delfim Netto declarou apoio à reeleição do petista.

O ex-ministro havia sido derrotado na tentativa de obter o sexto mandato de deputado federal. Ao aderir a Lula no segundo turno, foi presenteado com um desagravo público.

“Quero dizer da minha alegria de estar aqui com o Delfim, uma das pessoas de quem a gente mais divergia na década de 70”, disse o presidente, em ato num clube em São Paulo.

Perseguido e preso pela ditadura em que Delfim pontificou como ministro da Fazenda, Lula atribuiu a derrota do ex-ministro a uma vingança da elite.

“O Delfim não foi reeleito deputado porque a elite, a classe dele, o considerou um traidor. Ele elogiou a nossa política econômica, e a classe dele não o perdoou por isso”, disse o petista.

O objetivo do comício era dar um ar de frente ampla à campanha de Lula, que disputava o segundo turno contra seu atual vice Geraldo Alckmin. Além de Delfim, participaram figuras como o coordenador do MST João Paulo Rodrigues e o cantor Agnaldo Timóteo.

Ao justificar sua presença no ato petista, Delfim disse que queria evitar a volta da política econômica do PSDB, a quem acusou de destruir o país.

Nesta segunda-feira, Lula lamentou a morte do ex-ministro, a quem definiu como “referência no debate econômico”. Na nota oficial, ele fez referência ao comício de 18 anos atrás.

“Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos”, escreveu o presidente.


Fonte: O GLOBO