Senador do PL deixou o correligionário Alexandre Ramagem de lado para apoiar a reeleição do atual prefeito do Rio

O senador Romário (PL-RJ) — Foto: Cristiano Mariz / Agência O Globo

Porto Velho, Rondônia - Apesar de pessoas próximas a Eduardo Paes (PSD) negarem que o apoio do senador Romário (PL) na corrida pela prefeitura esteja relacionado à indicação para cargos no município, o ex-jogador é um articulador em secretarias do Rio há anos. Sua atuação inclui a indicação de secretários e a nomeação de familiares e amigos para funções na gestão municipal.

Em 2016, em seu movimento mais transparente em relação às negociações políticas por cargos, Romário, na época filiado ao PSB, chegou a emitir uma nota dizendo que "devolveu" a Secretaria de Esportes e Lazer ao prefeito, apesar de não ocupar formalmente nenhum cargo no município. A pasta foi comandada por Marcos Braz por pouco mais de um ano após indicação do ex-jogador.

“Acabei de sair do gabinete do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Devolvi a ele a Secretaria de Esporte do município, administrada no último ano pelo secretário Marcos Braz. Com mais de 20 anos de militância no esporte, Braz foi indicado por mim para liderar um trabalho social que antecedeu às Olimpíadas e Paralimpíadas na cidade. Sua atuação no município teve o objetivo de complementar minha atuação no Senado Federal. A saída da secretaria, no entanto, não me afastará da defesa do esporte na minha cidade”, escreveu em nota publicada em 10 de março de 2016.

Naquele mesmo ano, o jornal EXTRA revelou que amigos e parentes de Romário foram nomeados para cargos na secretaria enquanto Braz estava a frente da pasta. Entre eles, a irmã Zoraidi Faria, o sobrinho Leonardo Faria e a namorada do senador à época, Daiane Cattani.

Segundo uma fonte próxima a Romário, sua influência ainda é forte na Secretaria de Esportes, mas é ainda mais intensa na Secretaria da Pessoa com Deficiência, onde a própria ex-mulher de Romário está lotada. Danielle Favatto Grijó Costa, mãe de uma das filhas do ex-craque, ocupa um cargo em comissão desde agosto de 2021. No último contracheque disponível no portal da prefeitura, ela recebeu remuneração de R$ 5.652,50.

Em uma publicação em seu Instagram sobre uma ação da pasta no Dia Mundial da Conscientização do Autismo, ela marca o senador e escreve: "Senador Romário, obrigada pelo apoio à nossa secretaria”. Ela também tem feito publicações de apoio ao irmão de Romário, Ronaldo Faria (PL), candidato a vereador.

Na Secretaria da Pessoa com Deficiência, Romário teria participado até da escolha de Helena Werneck para o comando da pasta. Helena foi, inclusive, homenageada pelo senador no ano passado, quando foi indicada por ele ao Prêmio Brasil Mais Inclusão.

Na semana passada, o GLOBO questionou o prefeito Eduardo Paes quanto à indicação de Helena Werneck para o cargo. Paes afirmou que, embora Romário seja muito ligado à causa das pessoas com deficiência, a decisão de deixar a secretaria com ela não passou pelo senador. Perguntado se Romário possui outras indicações para cargos na prefeitura, Paes não respondeu.


Fonte: O GLOBO