De acordo com o MPF, Lucas Passos Lima preparou um ataque contra lideranças judaicas no país

Lucas Passos Lima — Foto: Reprodução

Porto Velho, Rondônia - O brasileiro Lucas Passos Lima foi condenado a 16 anos de prisão por integrar o grupo radical islâmico Hezbollah e realizar preparativos para cometer atos de terrorismo. Segundo a decisão, ele pesquisou locais judaicos em Brasília (DF), coletou informações sobre líderes religiosos judaicos, realizou treinamento de tiros com armas de fogo, entre outros atos que indicaram a preparação para um ataque.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Luca foi recrutado em 2022 pelo também investigado Mohamad Khir Abdulmajid, sírio naturalizado brasileiro, que, desde 2016, integra e financia uma organização extremista vinculada ao Hezbollah. Depois disso, ele participou ativamente das atividades do grupo, inclusive com conversas para recrutar outros brasileiros em território nacional.

Ele chegou a fazer duas viagens ao Líbano para receber treinamento. No Brasil, ele fez pesquisa e levantamentos de locais judaicos, como sinagogas, cemitérios e a embaixada israelense; buscou ainda rotas de saída do país sem controle migratório e tentou cooptar um piloto para atuar nas missões da organização terrorista.

Ele também envolveu-se em planejamentos relacionados ao conflito Israel-Hamas, realizou treinamento de tiros com armas de fogo e pesquisou sobre equipamentos não rastreáveis de rádio comunicação, vigilância e espionagem.

Em novembro de 2023, Lucas Passos Lima foi preso no Aeroporto de Guarulhos quando voltava ao Brasil vindo do Líbano. À época, foram encontrados com Lucas vídeos da porta de sinagogas e dos arredores, junto de uma lista com oito locais representativos da comunidade judaica em Brasília e em Goiás. A medida fazia parte da operação Trapiche, da Polícia Federal, que tinha entre os objetivos obter provas de possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no país. 

A investigação demonstrou que integrantes de organização terrorista vinculada ao grupo libanês Hezbollah vinham recrutando brasileiros para atuarem como proxies (guerra por procuração) do grupo e, especialmente, para a prática de atos preparatórios de terrorismo contra a comunidade judaica no Brasil.

Ao ser preso, ele afirmou trabalhar com regularização de imóveis e ser representante comercial. Há sete anos, ele foi preso por porte ilegal de arma. "Você sair de um lugar para fazer parte de um grupo em guerra, você sair da sua paz para isso?", questionou Lucas em audiência de custódia.

"O perfil dos recrutados levantou suspeitas pela ausência de vínculos com o País ou condições financeiras para empreender tais viagens ao exterior (alguns por mais de uma vez ou três vezes em menos de 12 meses) e por possuírem antecedentes criminais. Lucas voltou ao mesmo destino no decorrer do ano de 2023", disse a magistrada responsável pela decisão que determinou a prisão à época.


Fonte: O GLOBO