Com as cinzas de focos de incêndio no Norte que mudaram a cor do céu, a capital paulista amanhece com o ar seco e a neblina tomando o céu

Capital paulista registro índice de poluição do ar alto pelo segundo dia seguido — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

Porto Velho, Rondônia -
A cidade de São Paulo registrou nesta terça-feira a pior qualidade de ar do mundo pelo segundo dia consecutivo, segundo o site de monitoramento IQAir. Em um ranking dinâmico das metrópoles mais poluídas, a capital paulista aparece em primeiro lugar nas primeiras horas da manhã, com o indicador de qualidade do ar em 162 — quanto mais alto, pior. A marca superou os registros em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e em Kinshasa, na República Democrática do Congo.

Essa situação já se prolonga por alguns dias, com as cinzas das queimadas do Norte que mudaram a cor do céu, a capital paulista ficou entre as de pior qualidade do ar do país ontem e no domingo. A Cetesb alertou também que das 22 estações de medição do ar na Grande São Paulo, 20 apresentavam qualidade ruim (11) ou muito ruim (nove) ao meio-dia de ontem.

Além disso, a seca que ameaça grandes rios como o Madeira e o Paraguai também afetou a maior metrópole do país: o Pinheiros, que corta a capital paulista, está verde por receber menos água dos seus afluentes. O abastecimento nos reservatórios da Sabesp, da Grande São Paulo, despencou desde o início do outono, que marca o início do período mais seco na região. Três dos sete reservatórios estão com menos da metade de sua capacidade.

Fumaça de queimadas chega ao Sudeste

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 159.411 focos de incêndio de janeiro até ontem, um aumento de 100% em relação ao mesmo período de 2023. Apesar de estarem concentrados na Amazônia (52%) e no Cerrado (33%), a fumaça atingiu 60% do país no último final de semana.


Os três estados com mais incêndios neste ano são os mesmos que em 2023: Mato Grosso, Pará e Amazonas. No ano passado, Pará era o estado com mais focos, por exemplo, mas a dimensão do fogo aumentou. A fumaça das queimadas tomou grande parte do país, inclusive o Sul e o Sudeste, e se espalha por Peru, Colômbia e Equador, alerta o pesquisador de sensoriamento remoto Henrique Bernini.


— Tem muita ocorrência ao mesmo tempo, queimando uma vegetação sob efeito de uma sequência de ondas de calor — explica Bernini. — Esse tanto de fumaça é suficiente para tornar a Amazônia um dos lugares que mais contribui para as mudanças climáticas, enquanto deveria ser o lugar com maior potencial de reverter a situação.




Fonte: O GLOBO