"É possível que pulemos a geração X, elegendo líderes mais conectados com as aspirações das gerações jovens, que exigem renovação dos baby boomers, responsabilidade geracional e preservação ecológica

Porto Velho, Rondônia - A política brasileira está à beira de uma ruptura que transcende a clássica polarização entre direita e esquerda. Segundo o consultor e conferencista Stephen Kanitz, o verdadeiro conflito que moldará as eleições de 2026 será geracional.

Kanitz, que é mestre em Administração por Harvard e bacharel em Contabilidade pela USP, avalia que a geração Baby Boomer dominou o poder por décadas, mas agora enfrenta a crescente rejeição das gerações X, Y (millennials) e Z, que exigem renovação e uma abordagem mais conectada com os desafios contemporâneos.

“Os baby boomers governaram como se fossem eternos, negligenciando o futuro e entregando um país repleto de dívidas públicas, um sistema de ensino ideologizado e um mercado de trabalho saturado”, afirma Kanitz. Para ele, a hegemonia dessa geração deixou o Brasil em uma crise sistêmica que as novas gerações terão de consertar.

Kanitz traça um panorama crítico da liderança boomer, caracterizando-a como responsável por décadas de corrupção, privilégios excessivos e irresponsabilidade fiscal. Ele aponta que essa geração, que representa apenas 10% da população, “não deixou um legado positivo, mas um rastro de negligência”.

Essa desconexão histórica tem alimentado tensões entre gerações. Enquanto os boomers priorizavam vantagens financeiras imediatas, as gerações mais jovens enfrentam um mercado saturado e uma realidade econômica desafiadora. “Os millennials herdaram promessas quebradas e uma estrutura política e econômica que dificulta sua ascensão ao poder”, analisa Kanitz.

A entrada de líderes mais jovens é vista por Kanitz como uma necessidade urgente. Ele cita nomes como Luiz Philippe de Orléans e Bragança, deputado federal, e Ratinho Júnior, governador do Paraná, como exemplos de que uma nova mentalidade pode transformar o cenário político.

“A próxima geração de líderes precisa entender que estamos em um ponto de inflexão. Não podemos mais tratar demandas ambientais, sociais e econômicas como acessórios ou questões de oposição. Elas são a base para o futuro”, enfatiza.

Kanitz também destaca que demandas como preservação ambiental e justiça social não são questões ideológicas, mas necessidades urgentes para gerações que herdam um cenário crítico. “Os jovens querem um futuro viável e sustentável, enquanto os boomers veem essas pautas como ameaças”, avalia.

“A geração baby boomer mantém uma forte presença na política brasileira, sem ter preparado sucessores da geração X. Fernando Henrique Cardoso não fez sucessor, Lula não fez sucessor, e Bolsonaro também não conseguiu", observa.
Esse vácuo de liderança coloca em questão o papel da geração X no cenário político nacional. “A discussão que se impõe agora é se essa geração será efetivamente reconhecida ou se a política brasileira vai pular diretamente para a geração Y”, sugere Kanitz.

As eleições de 2026, segundo Kanitz, serão marcadas por um verdadeiro “acerto de contas geracional”. Ele prevê que o próximo presidente do Brasil será consideravelmente mais jovem, rompendo o domínio dos boomers e iniciando uma era de maior responsabilidade intergeracional.

Candidatos das gerações Y, como Eduardo Leite, Guilherme Boulos, Tabata Amaral e Kim Kataguiri, já despontam como possibilidades para liderar essa transição. “São líderes mais conectados com as aspirações das gerações jovens, que exigem renovação, responsabilidade fiscal e justiça social”, aponta Kanitz.

Apesar do clamor por renovação, Kanitz acredita que a solução não está apenas em substituir lideranças, mas em fomentar o diálogo entre as gerações. “O equilíbrio entre experiência e inovação é a chave para o progresso sustentável. Isso só será possível quando as gerações aprenderem a colaborar em vez de competir”.

Para ele, o Brasil caminha para uma eleição histórica, onde as escolhas de 2026 definirão se o país continuará preso a um modelo envelhecido ou abraçará a renovação necessária para enfrentar os desafios do presente e construir um futuro promissor.

Fonte: Painel Político